«A informação é uma guerra, uma guerra entre modelos sociais. Entre os defensores de um mundo desigual, injusto, governado por depravados e autênticos terroristas que impõem a sangue e fogo um modelo económico que condena à morte milhares de pessoas em todo o mundo, e aqueles que decidem estar ao serviço dos grupos, movimentos, intelectuais e outros lutadores, que todos os dias arriscam a vida a defender outro modelo de mundo possível.»
Pascual Serrano - José Daniel Fierro

REFORMAS E BAIXAS MÉDICAS EM PORTUGAL - escândalos!

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COMER E CALAR! - até quando?


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domingo, abril 30, 2006

ditados populares (remixeds)


Quem ri por último... é retardado!
A alegria do pobre... é sempre triste!
Quem com ferros mata...pistola não tem!
Sol e chuva... à noite não vem!
Em casa de ferreiro...há carpinteiro!
Quem tem boca vai... ao dentista!
Gato escaldado... vai morrer!
Quem espera... não trabalha!
O último... chega sempre atrazado!
O primeiro... é mais depressa atendido!
Há males... que acabam em morte!
Devagar... se chega tarde!
Depois da tempestade... vem a gripe!
A esperança e a sogra... são as últimas a morrer!.
Antes tarde... do que estares presente!.
Boca fechada... não fala!
Águas passadas... ninguém as vê!
Quem cedo madruga... dorme no trabalho!
Em terra de cego... quem tem um olho é zarolho!
Se Maomé não vai à montanha... a montanha não sai do sítio!

sexta-feira, abril 28, 2006

...teria sido verdade?


… Mas as Crianças, Senhor? *

in: (Clique aqui)

O controverso papa Pio XII, terá ordenado à Igreja Católica francesa que não devolvesse crianças judias aos seus pais ou a instituições judaicas caso estas tivessem sido baptizadas para ocultar a sua verdadeira identidade durante a ocupação nazi. A revelação é feita numa das últimas edições do diário italiano Corriere Della Sera, de Milão, num texto assinado pelo historiador Alberto Melloni, professor de história religiosa da Universidade de Bolonha e um dos maiores especialistas mundiais em história cristã.
Sob o título Pio XII a Roncalli: non restituite i bimbi ebrei (Pio XII a Roncalli: não se restituam as crianças hebreias), Melloni defende que Pio XII instruíra pessoalmente as instituições da Igreja em França a fazer tudo para negar a restituição de crianças judias confiadas à sua guarda.
O diário milanês publica ainda a carta na íntegra, datada de 20 de Outubro de 1946, enviada pelo Santo Ofício (actual Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé) ao núncio apostólico em Paris, que mais tarde se tornaria papa com o cognome de João XXIII.

quinta-feira, abril 27, 2006

TCHAIKOVSKY




quarta-feira, abril 26, 2006

O MUNDO DA MAIORIA



« Clique











Mulheres e
crianças são as primeiras vítimas do tráfico humano

Um relatório publicado pelo Gabinete das Nações Unidas Contra a Droga e o Crime (ONUDC) refere que as mulheres e as crianças são as primeiras vítimas de tráfico humano a nível mundial «para fins de exploração sexual ou de trabalho forçado».
(Portugal sem condições para combater tráfico humano A directora portuguesa da Amnistia Internacional (AI), Cláudia Pedra, afirmou, esta segunda-feira (24.04.2006), que Portugal não tem condições para combater o tráfico humano, no mesmo dia em que a ONU divulgou um relatório onde se lê que este crime atinge particularmente as mulheres.)


PERGUNTO EU:
-Que aldeia global estamos a construir com este sistema democrático-capitalista?

Há quem aceite as guerras de rapina e outras cegueiras contra a humanidade...
...mas os pobres e as crianças, Senhor(es)?!


segunda-feira, abril 24, 2006

FOI BONITA A FESTA, PÁ !





TANTO MAR « CLIQUE

2ª versão - 1978

CHICO BUARQUE DE HOLLANDA



(primeira versão)*

Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim

Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim

* Letra original, vetada pela censura brasileira; foi editada em Portugal, apenas em 1975.


ANO 32

25 DE ABRIL 2006
Relembre a Canção e outros acontecimentos:
1)- clique em: 25 Abril 2006, acima; 2)- clique em: "Écouter Grândola Vila Morena...") ;
3)clique em: Bobine para ouvir a senha.

"En 1974, c'est une chanson de J. Afonso (Grandola Vila Morena) qui donna le signal de la Révolution des oeillets. Une révolution qui, sans verser le sang, mit fin à une dictature de soixante ans. Une chanson, des oeillets, une révolution pacifique: drôle de pays!"

(de um jornal francês da época)



25 DE ABRIL, SEMPRE !














VIVA PORTUGAL !

sábado, abril 22, 2006

OS MEUS AMIGOS DO CHILE


Fiz hoje um amigo.
Em Viña del Mar.
A dois passos de Valparaízo.
É do Chile que estou falando.
Aqui e agora - para festejo da nova amizade - presto homenagem a duas figuras chilenas:
Em Valparaízo, nasceu Salvador Allende;
E foi em Parral, também de "viñas", no centro do Chile, que nasceu Pablo Neruda.
Que seus exemplos iluminem a vida de todos os que ainda têm esperança. Não esquecendo a minha.

Imagem: Vulcão Osorno-Villa Ensenada-Chile


sexta-feira, abril 21, 2006

O FILHO-DA-PUTA













(clique no nome do autor)
Discurso Sobre o Filho-da-Puta
De Alberto Pimenta
Discurso sobre o filho-da-puta, Ed.Teorema (Lisboa, 1977)




«O filho-da-puta é sempre aquilo que os outros filhos-da-puta do momento e do lugar são; é, porque é isso que «convém» ser, e portanto é isso que ele é. O filho-da-puta insere-se sempre no processo em curso qualquer que ele seja, e esse é mais um traço distintivo do filho-da-puta. O filho-da-puta colabora, e está sempre no vento, sempre na maré, sempre na onda. O filho-da-puta é sempre no mais alto grau possível aquilo que «convém» ser no lugar e no momento em que vive.
O grande problema, a grande desorientação, a infelicidade suma do filho-da-puta ocorre naqueles momentos de transição, de incerteza quanto ao rumo dos acontecimentos, naqueles momentos em que a balança está parada por instantes e não se sabe qual o prato de maior peso; é nesses momentos que o filho-da-puta se torce e contorce, na busca desesperada de «parâmetros», dos seus queridos parâmetros, ou simplesmente de uma via, de um rumo, da sua via, do seu rumo de filho-da-puta. É nessas ocasiões sobretudo que ele, o filho-da-puta, se queixa, que aparece em todos os lugares dizendo «isto está mau», e não adiantando mais nada. Sim, para o filho-da-puta nada pior que não saber qual é a preocupação dos outros, não saber enfim o que os outros pensam, o que os outros acham, o que os outros sabem. É por isso que organiza testes, toda a espécie de testes, e programas, toda a espécie de programas, e sondagens, toda a espécie de sondagens, e inquéritos, reuniões de grupo, reciclagens, estágios, exames, modos de através de um ritual de perguntas e respostas tentar apurar dos outros o que os outros normalmente tentam também apurar dele: o que pensam, o que acham, o que sabem da vida uns dos outros. Mas quanto mais normalizadas são as perguntas e as respostas, maior é também a sensação que o filho-da-puta experimenta de nada saber. É por isso que cada vez mais promove órgãos de orienta­ção geral, instrumentos para levar a pensar ou a não pensar, a fazer ou a não fazer, a falar ou a não falar, sempre segundo os mesmos critérios nas mesmas circunstâncias. Serviços técnicos, gabinetes de coordenação, institutos de apoio, centros de divulgação e de documentação, departamentos de planejamento, setores de estatística, gabinetes de gestão, comissões do am­biente, núcleos de inspeção, canais logísticos, serviços de reconhecimento, postos de fomento, institutos de reorganização, delegações de investigação, grupos de trabalho permanente, «workshops», centros de observação, serviços coordenadores de estudos, registros centrais, divisões de fiscalização e comissões de apoio às iniciativas centrais. Por sua vez, estes órgãos são apoiados por outros de mais largo alcance; se, para esse efeito, em certos lugares e épocas utiliza a sua psiquiatria, noutros utiliza a sua inquisição, e noutros serve-se da sua televisão e demais órgãos de qualidade de vida; pode servir-se do seu jornal ou da sua falta de jornal, do seu partido único ou da sua pluralidade de partidos, pode servir-se de prêmios ou de castigos, de gratificações ou de transferências. Isso mesmo. Não há nada que o filho-da-puta não faça e não há nada que não sirva os seus desígnios.»


(...) Eu bem tentei mas não aguentei. A "má-língua" tomou de novo conta de mim. Desta vez com texto alheio!
Cheguei à conclusão que não suporto vendas e... zás, mandei a minha pr'á casa do... vizinho de baixo (que também é dos meus!).





quinta-feira, abril 20, 2006

OLHOS TROCADOS

Não sei se foi ou não praga. O certo é que depois de tanta má lingua aqui despejada, a partir de segunda-feira fiquei com os olhos vesgos. Vai daí, o médico recomendou-me venda segura. Espero não regressar aqui com os olhos ainda fechados...

segunda-feira, abril 17, 2006

SÃO BENTO (da porta aberta)

Fernando Sobral in "Jornal de Negócios" de hoje:

"O fim-de-semana prolongado
(...)
Imaginemos que os trabalhadores dos sectores básicos de transporte ou de serviços decidiam ir todos embora durante uns dias. O país, literalmente, parava. Sobre isso estamos mais descansados: a presença ou a ausência dos senhores deputados em São Bento não faz o país parar. Este funciona independentemente deles. Agora questiona-se uma coisa: os senhores deputados já imaginaram o exemplo que dão ao país?"


Entretanto, peço licença a Fernando Sobral para acrescentar:
Muitos dos senhores deputados deram não um, mas pelo menos dois maus exemplos.
Que, a serem seguidos pelos trabalhadores, levariam o País a uma patronal pré-insurreição...
Uma coisa foi faltarem tantos de uma só vez (fazendo-me lembrar os atestados médicos passados aos alunos de Guimarães no ano de 2000), outra coisa - e bem mais acintosa - foi, ao que consta, simularem as presenças, "picando" o cartão...
... e tudo isto porque, ao que parece, nenhum deles necessita, sequer, do "redentor" atestado médico, nomeadamente aqueles que, por providencial caganeira, depois de ponto "picado", tiveram de se encaminhar para as suas modestas casas (de banho) do Algarve ou do Gerês. Bastará a palavra, de cada um dos faltosos, dizendo que estava ao serviço da causa, para que tudo fique justificado...
...e assim vai Portugal!

S.Bento da Porta Aberta-Gerês
P.F.: clique AQUI


domingo, abril 16, 2006

PÁSCOA








PÁSCOA FELIZ !
Joyeuses Pâques !
Happy Easter !
Felices Pascuas !

Para os visitantes deste blogue e para todos os que não têm blogues nem computadores!

... fico à espera dos meus ovos "kinder surpresa"!


sábado, abril 15, 2006

A PÁSCOA do Zé




A mãe, aproveitando o aproximar da Páscoa, tenta cativar o cábula do filho para o gosto das contas:

- Oh Zé, se eu te der quatro ovos de Páscoa hoje e mais três amanhã, tu vais ficar com... com... com...

- Vou ficar com...com...contente! - responde o garoto, radiante!

sexta-feira, abril 14, 2006

O QUE É A DEMOCRACIA ?









Comentário, serôdio, ao texto "Impressões de uma Viagem" do jornalista Thiago Galante, publicado em Maio de 2003
http://www.sergipe.com/balaiodenoticias/portugal28.htm (ou clique no título)


Porra amigo Thiago (com "h" e tudo)!.
Você até me parece um arguto jornalista.
Mas, mesmo assim, permito-me perguntar-lhe:
Porque ruas ou campos deste país tem você andado a pé?
O Tiago (permita cortar-lhe o "h"), no seu autismo ideológico, não consegue ver os dois milhões de portugueses que aqui vivem no limiar da mais absoluta pobreza?
Sim, porque se visse, e comparasse estes portugueses com os cubanos que caracterizou - no caso de não querer pôr freio à sua inteligência - teria que abster-se de fabricar texto tão tendencioso.
É claro que sou contra a não liberdade de expressão porque, mal ou bem, lá me vou sabendo desenrascar, ligando as coisas.
Mas pergunte - e até nem digo aos pobres - aos portugueses da classe média, se lhes diz alguma coisa a liberdade de expressão que você e eu parece estarmos tratando. Infelizmente a maioria ainda não descobriu que as coisas andam todas ligadas, meu amigo.
As preocupações deles são a saúde, os filhos e netos, o emprego (desemprego), o futebol, as telenovelas, o sexo, os credos e pouco mais... salvo honrosas excepções.
Quantos pobres portugueses vê você sairem do país, a não ser para irem vender a sua força de trabalho no estrangeiro, quantas vezes em condições humilhantes?
Se quer falar em liberdades e pobrezas porque procurá-las em Cuba, no outro lado do Atlântico?...
...na América Latina, onde abundam povos dezenas de vezes mais pobres e analfabetos que os cubanos?
Ou por outra, repito, porque não procurá-las aqui em Portugal?
Os cubanos, pelo que nos diz, devem ter um nível cultural médio superior ao nosso.
E por isso é suposto saberem, como é desejável, que as coisas andam mesmo todas ligadas.
E, tal como parece ter sido a decisão dos povos e último governo da ex-URSS, eles, os cubanos, e o seu governo também poderão saber decidir de igual modo, se for o caso, quando chegar o momento (eu especulo: se chegarem à conclusão que o processo histórico ainda não amadureceu o suficiente de modo a permitir-lhes implantar uma sociedade mais justa, fraterna e feliz).

Dito isto, não sei até que ponto - e disso você não falou - os "seus" portugueses são mais felizes que os "seus" cubanos...

Eu sei... você também poderá rotular-me de tendencioso e autista, ideologicamente falando. Assiste-lhe esse direito.

E, talvez por isso, Thiago (reponho o nobiliário "h"), devemos perguntar-nos: - Afinal, o que é a Democracia?

Marx de Jesus


HUMOR (negro?)


Como a vida são dois dias, e eu estou na eminência de ter de fazer a definitiva viagem, para quê estar-me a chatear com o problema dos outros?

Até porque, esses, se não tiverem que dar de comer aos filhos, têm sempre um recurso...

OS SINAIS















Serão, afinal, casos isolados os que "postei" em 17.03, 07.04, 12.04.2006 e o que hoje estou "postando"? Ou tenho andado muito distraído?

Os sinais que nos chegam, a um ritmo vertiginoso - agora também a desfavor de quem ainda tem emprego e alguma liberdade - são cada vez mais inquietantes.
Mesmo eu que sou um pessimista militante, como se vê, ainda anteontem os julgava desgarrados. Puro engano.
Até os próprios trabalhadores por conta de outrém, por mêdo, egoísmo ou ignorância, parece estarem a bandear-se, cadenciada e irreversivelmente, para o lado do inimigo.
Adivinho tempos difíceis para os inocentes. Até quando... de novo?

Aqui ficam mais dois sinais aparecidos no "Jornal de Negócios" de 12.04.2006 (*):
"(...) infelizmente, a família Azevedo (Sonae) não vê com bons olhos os representantes dos trabalhadores. Nas suas empresas dificilmente entram sindicatos e, por isso, não há comissão de trabalhadores", explicou o coordenador da CT da PT, Francisco Gonçalves, quando questionado pelo Jornal de Negócios sobre esta matéria. (...)"

"(...) As comissões de trabalhadores (CT) da PT e do BPI convergem na oposição às OPA lançadas pela Sonaecom e o BCP, mas não contam, para já, com o apoio dos seus colegas dos grupos oferentes." (...)"

(*) http://www.negocios.pt/default.asp?CpContentId=274407

quarta-feira, abril 12, 2006

JUÍZES DE PÊLO NA VENTA



Não nos bastava sermos os últimos em quase tudo o que é importante e os primeiros em quase tudo o que é negativo.
Em quase tudo, porque pensava eu que, neste país saído de Abril, ainda nos restava o Ensino, a Justiça e um pouco mais, para não sentirmos completa vergonha em viver aqui.

Serão casos pontuais os que "postei" em 17.03, 07.04.2006, e o que estou hoje a "postar", admito.

Mas mesmo assim não deixam de ser sintomáticos e inquietantes os sinais - embora ainda desgarrados - que nos anunciam, quais trombetas, o cerco silencioso às muralhas da nossa esperança.

Leia-se o último anúncio, de que todos (?) tivemos conhecimento:


"Responsável de lar de Setúbal absolvida de maus tratos.

Supremo considera lícitos "correctivos" corporais dados a crianças deficientes
12.04.2006 - 07h38 : Tânia Laranjo (PÚBLICO) O PÚBLICO avança hoje que o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) considerou "aceitável" o comportamento da responsável de um lar de crianças deficientes de Setúbal, indiciada por maus tratos, nomeadamente por dar palmadas e estaladas aos menores e por fechá-los em quartos escuros quando se recusavam a comer."

Imagem de obra de Guayasamin:
El grito (nº.1) - La edad de la ira - Óleo sobre tela -130 x 90 cm.
Col. Fundación Guayasamin - Quito (Ecuador) 1983

RETALHOS DA VIDA DUM PATIFE (continuação)


(...)
Foi, a partir daqui, que meus verdadeiros instintos de malvadez começaram a despertar.

Passo a explicar: No andar de cima do estabelecimento residia um engenheiro bem sucedido na vida e sua esposa.

Nunca soubemos se eram boas ou más pessoas, porque nunca nos cumprimentaram.

Só sabíamos, através da mercearia onde se mandavam aviar que, aos sábados, tinham por hábito ir ao casino jogar na roleta.

Ora, como eles sempre me acordavam ao regressarem a casa, lá para as quatro da manhã desses sábados, resolvi, a partir de um deles, experimentar o meu plano, tentando "com um tiro matar dois coelhos":
Como as escadas debaixo das quais eu dormia eram de madeira, com a extremidade de uma vassoura, comecei a acompanhar, a descompasso, os passos que o casal dava no subir das escadas.

Eles paravam, e eu parava. Eles reiniciavam, e eu reiniciava, sempre com "souplesse".

Um belo dia, ao ir brincar para a mercearia dos pais do meu amigo César, filho único como eu, escutei a conversa, em surdina, que a "criada" do senhor engenheiro travava com a mãe do meu amigo.

"Os meus patrões vão sair daqui. Parece que hà qualquer coisa estranha na casa. Perguntaram-me se eu também ouvia barulhos estranhos na casa durante a noite. Eu nunca dei conta, disse-lhes eu!"

Mais assustado que contente, por não ter antes realizado as verdadeiras consequências da malvadez que cometera, esgueirei-me para casa, sem me despedir do meu amigo.

Um mês depois, passámos a viver naquele cobiçado primeiro andar.

Os meus velhotes ficaram radiantes, já se vê!
E, talvez por isso, nunca lhes contei toda a verdade.
Nunca souberam que o filho, afinal, ao contrário do que pensavam, não era flor que se cheirasse.

Agora, em homenagem ao meu esforço para me tornar melhor pessoa, peço aqui desculpa, publicamente, ao sr engenheiro e esposa, meus ex-vizinhos... pelo sim, pelo não... uma vez que já "partiram".

Fim

Zé Ameixa
(arrumador de automóveis)




segunda-feira, abril 10, 2006

RETALHOS DA VIDA DUM PATIFE


Eu tinha doze anos.
Meus pais, exploradores de modesto "café", situado em rua pouco movimentada, chegavam sempre "encharcados" nos dias chuvosos de inverno.
Do meu improvisado quarto, roubado à sala de jantar, ouvia-os, ao chegarem, lamentar-se do fraco negócio e também do incómodo que era, no inverno, depois das duas da manhã, terem que atravessar ruas e ruas até chegarem a casa.
- E o menino?... e se sucede qualquer coisa ao nosso filho, que para aqui fica sózinho durante tantas horas?
- Pois é mulher, mas o que havemos de fazer à nossa vida?!
Diálogos destes incomodavam-me, não por me saber só, a dormir, naquele velho T1. Incomodava-me por causa da vida difícil que meus pais me parecia levarem.
Até que um dia, com satisfação minha, resolveram sacrificar parte de uma divisão do "café" destinada a arrumos. E aí se instalou cama e mesinhas de cabeceira.
"O Zé vai ficar bem no vão das escadas, onde não se sente muito o barulho da noite.Vais ver! Forra-se tudo como deve ser e pronto!", disse o meu pai à "velhota".
Meu dito, meu feito. Pouco tempo depois deixaram de pagar o aluguer do T1 e todas as nossas trouxas foram transferidas para as trazeiras do estabelecimento.
Apesar de medidos os prós e contras da decisão tomada, não havia dúvida de que eles perderam qualidade de vida, com a troca.
- Tens razão mulher.Isto, afinal, não é quarto nem é nada. Tanto nós como o Zézito, temos direito a dormir em lugares mais sadios.
E passaram a procurar, na vizinhança, dois quartos, com serventia a casas de banho.

Foi, a partir daqui, que meus verdadeiros instintos de malvadez começaram a despertar .

(Continua)

Zé Ameixa
(arrumador de automóveis)


domingo, abril 09, 2006

O COMBO-HITO (fim)


(...) Mas, depois, um dia... o Combo-Hito (...) descobriu que tinham caído noutro logro.

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O rei contratara homens para escrever os livros e pagava a professores para ensinar os jovens. Os livros e as aulas , os jornalistas, a rádio e a televisão eram preparados de forma a levar os combo-hitos a pensar e a agir de determinada maneira, sempre de acordo com os interesses do rei e dos seus amigos. Aquilo que tinha sido uma conquista extraordinária transformara-se numa nova forma de dominação. A luta não tinha terminado. Era preciso recomeçar. A grande lição era esta: NUNCA SE VENCE DEFINITIVAMENTE; a dominação e a exploração têm muitos rostos, artes e manhas. É preciso não "adormecer", é preciso manter vivo o espírito de vigilância crítica, a capacidade de reconhecer o perigo que constituem a habilidade e o poder do inimigo.

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Acho que estraguei a história, a bela história do meu amigo e do seu simpático e heróico Combo-Hito. Mas se os filhos dele perceberem porque se passa o que se passa no ensino; se compreenderem porque é que constitui para os trabalhadores e seus filhos uma necessidade fundamental a oportunidade de estudar e porque é que isso se lhes torna cada vez mais difícil e proibitivo; se eles ficarem com uma vaga ideia do que vai pela comunicação social; se lhes conseguir explicar de forma muito simples o que está a acontecer num certo país depois de uma festa muito grande e linda, com cravos vermelhos a florir em armas negras; se eles perceberem isso, julgo que perdoarão, um dia, áquele velho gordo e antipático a quem o pai insiste em chamar amigo, o ter-lhes estragado uma história linda que terminava bem, acrescentando-lhe por sua conta um «POR FAVOR, PROSSIGAM. A HISTÓRIA NÃO ACABA AQUI!»

sexta-feira, abril 07, 2006

CURIOSIDADES IX










Frase com pendor ariano:

" Já tenho dito lá no Banco: Os que sobrevivem não são os maiores, são os que se adaptam "

Paulo Teixeira Pinto
Presidente do BCP, em entrevista à revista "Sábado"
ver blog:
dicati.blogspot.com

A HERANÇA







(Redacção - esquecida - para o dia da àrvore -21.03)

Era uma vez...
Nove vagens violeta-acastanhadas, todas parecidas, mas diferentes.
Independentes e livres.
Entregues a si próprias, à sombra das parapinuladas folhas dos pais: a alfarrobeira.

De saudável árvore, naquela quase abandonada granja, bons frutos nasceram.

Passaram-se tempos...

De todas, três delas, tornaram-se altivas e dissimuladas, por se julgarem as mais catitas.

Dessas, duas eram machas, e outra era morcona (por, estranhamente, dizer-se nortenha).
Eram as três, as "raínhetas", da aristocracia "leguminosae", já se vê!
Singraram, mais que as outras, na vida.
Eram as mais ricas, em folhagem, com seus dez folíolos ovalados.
Porque receberam benesses extra, por via escusa, uma, por caminho ordinário , as outras duas.

Cresceram e o seu norte perdeu-se, quando deixaram os pais, dizia a vizinhança.

Uniram-se as três, e olhavam as outras seis com vergonha, porque não usavam pele de marca, no vestir.
Embora soubessem, essas, que todas as seis, eram humildes e trabalhadoras.
Sem tantos folíolos ovalados na folhagem protectora, mas talvez por isso, bem amadurecidas e sérias.
Eram as alfarrobas "ranheta", da plebe, contestatárias coerentes, íntegras e saudáveis.
Cuidadas por elas próprias, contra as moléstias da fruta.

Deixaram, as "raínhetas" e as "ranhetas", de ver-se, durante tempos.

Um dia, repentinamente, no inverno, morreu pai e mãe: a velha alfarrobeira.

Foram as nove ao funeral (ao colo de frias brisas) e ali quizeram dividir os bens abandonados: pequeninas sementes, caidas de algumas vagens apodrecidas pelas chuvas.
Porque a maioria morava dispersa, agora, em cantos diversos do armazém da granja (quase abandonada pelos humanos herdeiros).
Fizeram-se os nove "montes", mas desiguais.

As primeiras três, "bachareletadas", ditaram as contas e os "montes".

Não houve acordo e a defunta alfarrobeira, desenraizada, ficaria ali, na granja, a apodrecer, sem enterro.

Por isso, as seis "ranhetas" reuniram, pensaram e lavraram em acta:

"Todos os bens, herança de nossos pais, deverão ser entregues às nossas outras três irmãs, mas com uma condição:
que cada pequena semente, desses bens, germine livre e contente e não frequente escolas de "raínhetas".

Soube-se, no fim do verão seguinte que, infelizmente, dor desconhecida (remorsos?) estava a consumir o grupo das três.
Foi por isso, sabe-se hoje, que tiveram tempo para se arrepender da injustiça que cometeram com as irmãs.
Pensando, e bem, que bastava uma "raínheta" doente - que faria três! - para esterilizar rapidamente, por falta de maturidade, todos os bens recebidos. E que, caprichosamente, afinal, mantinham, presos, na sombra fria do armazem.
Segredaram, então, às três "ranhetas", em que lugar se encontravam os bens.
E a seguir lavraram em acta que lhes entregavam, arrependidas, para educarem e tratarem, os últimos frutos do labor de seus pais.

E partiram, depois, em mansos remoínhos de vento: as três, para lugar incerto, e as "ranheta", em busca da herança.

Passaram-se anos.

Até que um dia, os novos donos da granja encontraram, maravilhados, numa zona ensolarada da sua propriedade, vinte e sete jovens pequenas árvores, envolvendo, em circulo perfeito, ternamente, nove velhas alfarrobeiras.


quarta-feira, abril 05, 2006

O COMBO-HITO (continuação)


...UMA BELA HISTÓRIA, SEM DÚVIDA. SÓ QUE TINHA UM ERRO.

O mesmo erro de todas as histórias que "terminam bem": considerava a luta concluída e tudo resolvido. Um erro tremendo porque a luta não terminava ali. Aquela não era ainda a vitória final. Era uma vitória, sem dúvida, mas só isso: uma vitória, por mais importante que fosse.
Escrevi ao meu amigo e aos filhos dele para lhes dizer isto. Contei-lhes, desajeitadamente, um novo capítulo daquela história, que afinal, ele, seu autor, conhece muito melhor que eu.
Houve realmente uma festa extraordinária no dia em que o rei foi obrigado a conceder regalias a todos os velhos comboios e abriu escolas para os combo-hitos. Todos ficaram convencidos de que era a vitória final e as coisas correram ou pareceram correr bem durante algum tempo.
Mas depois, um dia... o Combo-Hito (ele ou outro como ele, pois felizmente há sempre um que não se deixa "adormecer") descobriu que tinham caído num logro.

Continua...

segunda-feira, abril 03, 2006

CURIOSIDADES VIII (notícias do karelho)









Com a devida vénia transcrevo, parcialmente, notícia sobre o KARELHO ,
habilidoso jogador do Pilado-Marinha Grande, surgida no semanário "Tribuna da Marinha Grande", na sua edição de 30 p.p.
(Brincadeira ou não do Semanário, antecipando-se ao 1º. deAbril, trata-se
de uma boa curiosidade)

"Pilado Escoura em choque
S.L.B. "rouba" karelho ao Pilado


Numa operação relâmpago e rodeada de secretismo, os responsáveis máximos do futebol encarnado contrataram, após árduas negociações, o jogador piladense Karelho para reforçar a sua equipal de futebol. (...)...o karelho tudo fará para ajudar o Benfica a ser campeão."

E a ser verdade que se trata de um bom reforço, temos que convir que o Benfica teve o olho bem aberto!
Bons olheiros, sim senhor.

sábado, abril 01, 2006

OUVIR *P * O * E * S * I * A*


aqui