Obra de Dali:Joven virgen autosodomizada por su propia castidad
Só agora, por via da discussão sobre a despenalização do aborto, fui sensibilizada para o motivo pelo qual a igreja católica defende um castigo divino, para quem dá uma "queca" sem outro objectivo que não seja o prazer do orgasmo.
O coito só não tem essa gravidade se realizado com a exclusiva intenção de procriar. Seja dito em nome da verdade.
E o vício solitário?
É pecado muito grave, sem apelo nem agravo. Não foram ainda abertas excepções.
Isto é, não se pode "tocar ao bicho" mesmo que a "ranhoca" seja colhida para a inseminação ou fecundação artificiais.
No entanto, sem prazer no coito nem na masturbação, não haveria religioso ou religiosa, puritana ou puritano, que se salvasse. Isto é, não teriam sido concebidos...
Seríamos todos ateus, graças a Deus.
(Desculpem ter que vos deixar por uns instantes. Estão a bater à porta...
Era uma velha amiga que já não via há muito e que anda de porta a porta defendendo, com muita convicção, o NÃO no referendo. Afinal a campanha já começou e eu não sabia.)
Como estava dizendo, não há coito nem masturbação sem prazer e, sem eles, não haveria pessoas virtuosas. Considerando que esses actos (praticados com ou sem o fim de procriar) podem ser tidos como o primeiro elo dos vários que hão-de levar à constituição de um fecto e seu posterior desenvolvimento, pergunto:
Porque é que os defensores do NÃO À DESPENALIZAÇÃO, não dão mais visibilidade a esta evidência?
Abaixo, pois, o coito e a masturbação!
A senhora que me bateu à porta contou-me uma estória comovente.
Um certo jovem, que tinha por hábito masturbar-se dominicalmente, resolveu parar tal prática a partir do dia em que a sua ejaculação se foi projectar com extrema violência nos azulejos do seu quarto de banho. Talvez por ter sido alertado dias antes pela minha amiga sobre as remotas causas do aborto, ao ver tal efeito, desabafou, aterrorizado: "Lá se vai desta vez um aviador... coitadito. Que Deus me perdõe!"
E foi por ter ouvido, durante a feitura deste texto, esta estória, que virei o sentido do meu voto, como já certamente se aperceberam.
Alvitro para que nos organizemos no sentido de irmos para a rua exigir uma lei que obrigue toda a gente a ser casta, terminando com os abortos, cá, em Espanha ou na Inglaterra...
Chegaremos assim ao fim do mundo, mas todos seremos salvos.
E assim acabamos também, a curto prazo, com a oposição e ainda lhes evitamos a dupla punição:
A que lhes há-de ser aplicada no Céu e a outra que, pós-referendo, lhes continuará a ser aplicada na Terra, caso a nossa luta não resulte até lá.
Isto é, um lugar no Inferno ... e outro, numa qualquer Prisão deste País.
Esta última, já se vê, apenas para as mulheres...
'Zdefa Fava