O COMBO HITO (continuação)
Pois é.
Por isso vou hoje recorrer a um expediente indecente: aproveitar trabalho alheio para dar a "continuação" prometida em sete de Março deste ano.
A São Pedrocas é a culpada.
É, obviamente, diferente da "continuação" que eu lhe ía dar. Mas se alguém a vier a ler, verificará que superaria qualquer outra de minha autoria em qualidade literária e inteligência.
E se digo que o sobredito expediente é indecente, é também porque pelo artigo "Atenção à História" - aparecido num semanário da Fig. da Foz e assinado pelo meu amigo (só podia) escritor A. Esteves Ferreira - perpassa um tão despudorado quanto imerecido elogio do seu autor a este seu admirador. Obrigado a ele, que mais uma vez me salvou de uma enrascada...
Continuação do post "O COMBO HITO"
-Atenção à História-
"... Juntamente com a carta vinha um conto e um pedido de crítica. Era um belo conto infantil, que a saudade dos filhos lhe ditara. Lindo, nobre e vibrante, fora por certo inspirado pela "tragédia" do esmagamento da sua individualidade na solidão oprimida de alguma viagem no "minhocas" superlotado. Contava a história de um mundo subterrâneo onde um jovem combo-hito (lembro-me de que ele metia um agá no meio disto!) lutava contra a opressão de um rei comboio todo poderoso. A luta era árdua. O Combo Hito queria estudar e não podia. O rei não deixava; não havia escola; todos tinham de trabalhar duramente de manhã à noite. Ele via o pai, um velho e cansado comboio de mercadorias, esmagado por serviços violentos durante horas a fio. O pai e os outros. A escola era luxo proibido, a vida dura, a ignorância profunda, levando ao fatalismo, à aceitação. Combo Hito luta, fala, discute, faz pensar, mobiliza. Ao princípio os comboios assustam-se, têm medo, mas acabam por se decidir e vão para a luta. Reunem-se e reclamam; são reprimidos e fazem greve; são pressionados mas persistem e, finalmente, o rei cede. Vai haver serviço menos duro, melhores condições de vida para todos e, finalmente, livros e escolas para todos os combohitos.
Era de facto uma bela história, simples, muito bem contada, emotiva e directa. Lá estava toda a beleza de uma juventude que rompe as cadeias do obscurantismo, quebra as grelhetas do medo e se ergue, activa e inteligente, a despertar os outros, a fazer-lhes sentir necessidades ignoradas e possibilidades desejáveis e a mobilizá-los depois para a luta até à vitória final.
Uma bela história sem dúvida só que tinha um erro."
(Continua)