«A informação é uma guerra, uma guerra entre modelos sociais. Entre os defensores de um mundo desigual, injusto, governado por depravados e autênticos terroristas que impõem a sangue e fogo um modelo económico que condena à morte milhares de pessoas em todo o mundo, e aqueles que decidem estar ao serviço dos grupos, movimentos, intelectuais e outros lutadores, que todos os dias arriscam a vida a defender outro modelo de mundo possível.»
Pascual Serrano - José Daniel Fierro

REFORMAS E BAIXAS MÉDICAS EM PORTUGAL - escândalos!

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COMER E CALAR! - até quando?


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terça-feira, março 07, 2006

O COMBO-HITO



(Uma velha história para crianças - escrita por provinciano, em serviço em Lisboa)


Era uma vez... um planeta que ficava muito, muito, muito longe da Terra e que se chamava Metropolitânia.

Os seus habitantes eram comboios, porque mais ninguém lá podia viver, para sempre, como eles.

Esses comboios falavam e entendiam-se tão bem como as pessoas da Terra e eram também muito inteligentes.

Como alguns seres humanos (os mineiros), os comboios também viviam dentro de grandes buracos onde fazia sempre muito escuro e, talvez por isso, se deu o nome de Metropolitânia ao tal planeta.

O dono desse planeta, hà muitos anos, era um rei rico e muito mau. De entre os seus súbditos, havia uma família que tinha um filho a quem os habitantes da Metropolitânia deram o nome de Combo-Hito, talvez por ele ser muito pequenino e inteligente.

Como os pais do Combo-Hito, também os outros comboios eram pobrezinhos e muito sujos porque a sua única alimentação era o carvão e também porque trabalhavam sempre debaixo da terra, nos tais buracos muito grandes... e depois não tinham tempo para se lavar porque labutavam dia e noite para o rei mau.

Por isso tudo, o pai do Combo-Hito andava muito triste e magrinho... e o Combo-Hito, a partir de um certo dia, também começou a sentir-se muito, muito, muito triste... pensando nos comboios que viviam pobrezinhos como os seus pais.

Nesse dia, o Combo-Hito perguntou ao pai, assim:
-Ó pai, porque andas tu tão triste?

E o pai contou-lhe coisas muito estranhas, que ele ainda não podia entender bem. Por isso pediu-lhe, com muita meiguice, de lágrimas nos olhos:
Ó pai, deixa-me aprender a ler, como o rei!

E o comboio grande (entre dois apitos baixinhos) disse ao filho que o rei mau não deixava ninguém aprender a ler, porque queria que todos os habitantes da Metropolitânia trabalhassem para ele desde pequeninos, sem parar.

Durante várias noites o Combo-Hito pensou, pensou, pensou... até que teve uma ideia: Foi falar com os outros comboios todos, às escondidas dos pais e dos polícias do rei e disse-lhes que não deviam deixar trabalhar mais os seus filhos pequenos, antes de aprenderem a ler.

A princípio os comboios grandes tiveram mêdo que o rei mau os castigasse, mas depois pensaram que o Combo-Hito tinha razão.

-Não está certo! Os comboios pequeninos nem têm autorização para brincar, e isso é uma injustiça! -Dizia um dos comboios grandes.

-Realmente não é justo! - Dizia outro.

-O Combo-Hito tem razão. Vamos fazer como ele diz! - Decide um terceiro comboio.

Então, resolveram juntar-se todos os comboios do reino em frente do palácio do rei mau e exigiram que o rei mandasse ensinar a ler todos os comboios pequeninos.

Apitaram, apitaram, apitaram - deitando faúlhas e tudo! -até que o rei, com mêdo de perder todo o poder que tinha, não teve outro remédio senão mandar construir escolas por todo o reino.

A partir daquele dia, e por causa da ideia do Combo-Hito, os comboios do reino-do-rei-mau juntavam-se todos no palácio real, a apitar muito, cada vez que queriam exigir outros direitos.

Foi por causa disso que a Metropolitânia passou a ser toda iluminada e os comboios deixaram de se alimentar só a carvão.

Hoje, a maior parte dos comboios alimentam-se a electricidade e muitos deles já não trabalham mais para o mesmo rei.

(Continua)