«A informação é uma guerra, uma guerra entre modelos sociais. Entre os defensores de um mundo desigual, injusto, governado por depravados e autênticos terroristas que impõem a sangue e fogo um modelo económico que condena à morte milhares de pessoas em todo o mundo, e aqueles que decidem estar ao serviço dos grupos, movimentos, intelectuais e outros lutadores, que todos os dias arriscam a vida a defender outro modelo de mundo possível.»
Pascual Serrano - José Daniel Fierro

REFORMAS E BAIXAS MÉDICAS EM PORTUGAL - escândalos!

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COMER E CALAR! - até quando?


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sexta-feira, fevereiro 03, 2006

os drogados - os leprosos

("...Mas é evidente que um elemento toxicodependente numa família é gerador de grandes angústias, enornes problemas." - afirma João Goulão, médico que preside ao Instituto da Droga e Toxicodependência. In: Notícias Magazine de 29 de Janeiro de 2006)
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Amigos:

Eu sou habitante de um pequeno país imaginário onde existe um povo diferente e especial. Nem pior nem melhor, na generalidade, que o de um país real, mas mesmo assim diferente e especial.

Gosto muito do meu país, como hão-de compreender, e para que outros o conheçam vou dar notícias dele, ao acaso, sempre que julgue interessante o que tenho para vos dizer.

Temos expressões escritas e faladas equivalentes ás dos portugueses mas com significados diferentes, e também formas de encarar os grandes problemas da vida com maior pragmatismo que vós.

Escolhi, para início da minha correspondência, contar-vos uma experiência que ensaiámos com êxito há alguns anos e que sei poder vir um dia a interessar-vos, a vocês, habitantes do mundo real.

Era eu ainda criança quando, antes da sua inauguração, visitei com outros alunos, o Hospital-Colónia Rovysgo Vais, situado na Kocha, a poucos quilómetros da Macieyra da Voz. (não conheceis, decerto, o nome nem as localidades por serem imaginadas, mas são-me necessários para tentar criar-vos uma ideia da nossa "realidade").

Pela sua extensão, organização e disposição arquitetónica foi considerado, à época e ainda hoje,
a maior e mais bem apetrechada instituição da Worlddollândia para recuperação de leprosos (toxicómanos na nossa língua).
Decorriam os anos 40 do século passado.

Nunca tive notícia de que alguém ou alguma instituição planetárea criticasse a sua existência. Tudo era discreto e muito mais aceite que rejeitado, levando em conta ter que se optar pelo mal menor em relação aos interesses da sociedade, incluídos os próprios internados.

O ambiente entre funcionários e doentes era - salvo raras excepções - modelar, tendo em vista o bem estar de todos.

Solteiros e casais toxicodependentes (como vós dizeis e eu utilizarei a partir daqui para melhor me entenderem) viam ali mais ou menos decalcados, para melhor, os dia-a-dia dos cidadãos emigrantes que, sozinhos, deixaram por algum tempo o seu país para procurar, no estrangeiro, melhores condições de vida.
Como se estivessem integrados numa pequena cidade, quase esqueciam a estadia, a maioria das vezes involuntária.

Todas as despesas no Hospital-Colónia eram suportadas pelo Estado.

Das escolas profissionais, teatro, televisão e cinema até ao desporto, das igrejas ao cultivo do campo ou do oficinar, tudo lá existia.
Todos trabalhavam nas profissões para que tinham aptidão e por isso recebiam um salário.
Também não faltava, claro está, uma apetrechada clínica de desintoxicação com seu excelente corpo clínico, nem uma polícia especial para acorrer a casos sempre previsíveis de insubordinação.

Decorridos os anos, os resultados deste enquadramento, superaram todas as expectativas: Desde há muito que no nosso país deixou de haver problemas causados por essas vítimas da droga, constatando-se também a erradicação da sida e outras doenças.

A nossa experiência foi aplicada por toda a Worlddollandia.

O problema com que nos debatíamos foi resolvido mercê também da criação de medidas, muito reflectidas, a juzante, onde a educação e o quase pleno emprego ocuparam (e ocupam) lugar preponderante.

Obviamente que a construção do nosso Hospital-Colónia foi uma etapa importante no processo de cura dos doentes. Mas a montante e concomitantemente com esta iniciativa, foram tomadas medidas rígidas para evitar o mercado paralelo das drogas, tais como, por exemplo e resumidamente, passo a descrever:

- As drogas apreendidas não eram inceneradas, mas antes devidamente analizadas, contabilizadas e armazenadas em cofres-fortes, quais barras de ouro;

- A todos os toxicodependentes, que o solicitaram, foi-lhes emitido um cartão electrónico, seguro e personalizado, para que junto de farmácias autorizadas levantassem, ao preço de um maço de tabaco, a sua doze diária de estupefaciente;

- Os doentes que por vontade própria quizeram tentar a recuperação, ingressaram de imediato no Hospital-Colónia, sendo-lhes atribuídas instalações especiais.
A sua permanência durava o tempo mínimo de um ano.

-A outros doentes, que por crimes cometidos eram compulsivamente internados, estavam-lhes reservadas instalações separadas dos anteriores, sem que lhes fosse impedido o convívio com todos os outros habitantes da Colónia.
A estes era-lhes imposto um internamento de mais um ano após a presumível cura, salvo se o delito que os levou á Colónia não requeresse outras medidas de ordem penal.

Por hoje é tudo.

Despeço-me com consideração e até sempre,

Arthur Imaginado Real

Em Tempo:

E porque a ciência descobriu, há alguns anos, os meios capazes de impedir a utilização compulsiva de qualquer droga, o contágio da sida e o aparecimento de doenças como a hepatite, a nossa sociedade viu erradicada de vez essas chagas e angústias que desconjuntavam famílias inteiras.

Hoje seria impensável recorrer-se ao enclausuramento compulsivo dos toxicodependentes.

Por isso, parte do nosso hospital-colónia foi reconvertido, uma parte em estância turística, outra em unidade de apoio a crianças e outra a um centro hospitalar, por não ser mais prestável ao fim para que foi criado.
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1 Comments:

At quinta-feira, fevereiro 09, 2006 11:51:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

stás a ficar "passado"

 

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