«A informação é uma guerra, uma guerra entre modelos sociais. Entre os defensores de um mundo desigual, injusto, governado por depravados e autênticos terroristas que impõem a sangue e fogo um modelo económico que condena à morte milhares de pessoas em todo o mundo, e aqueles que decidem estar ao serviço dos grupos, movimentos, intelectuais e outros lutadores, que todos os dias arriscam a vida a defender outro modelo de mundo possível.»
Pascual Serrano - José Daniel Fierro

REFORMAS E BAIXAS MÉDICAS EM PORTUGAL - escândalos!

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COMER E CALAR! - até quando?


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quinta-feira, setembro 17, 2009

DEMOCRACIA ? PARA QUÊ ?


Questiono-me sobre a legitimidade de um sistema que parte do pressuposto que todos os votos valem o mesmo perante as urnas.

E porquê? Bem, porque me parece que nem todos os votos são iguais.
Ora vejamos.
Imaginem dois votantes apenas, e que são simultaneamente candidatos: o Manel e o João. Cada um representa um voto. O João quando vota pensa na felicidade do Manel, e o Manel, quando vota, pensa apenas na sua própria felicidade.
Obviamente que o Manel tem mais possibilidades de ganhar. E caso isso suceda poderá, com o seu legitimo poder, vir a reduzir a felicidade do João para que aumente a sua.

Assim a democracia funciona. Mas tenho sérias dúvidas que represente coisa alguma.

Há diferenças no poder de cada voto. O que me leva a acreditar que não são iguais.

Ora a partir daqui concluo que é eventualmente a ausência de um sistema de valores morais (e humanistas) que distorce o valor da democracia.

O "amor ao próximo" é um desses valores. Ocorre quando por exemplo não pensamos apenas no nosso umbigo quando votamos (nos nosso impostos, na nossa educação, na nossa sua saúde, etc.)


Mesmo acreditando que somos todos de uma bondade infinita e que estamos moralmente motivados na criação uma sociedade melhor, chego à conclusão que existe ainda outra razão que impede que cada voto seja igual: o TEMPO.
Ou seja, o Tempo em que cada um quer concretizar a sua moral. Uns defendem a moral AGORA, e outros, acreditam que a mesma só se conquista algures num tempo futuro mas com sacrifícios que devem existir AGORA.

Tanto uns como outros são de um bondade irrepreensível (não duvido) apenas o timing difere.

Assim concluo que a democracia por si só não representa coisa alguma.

O que faz com que ela possa representar alguma coisa não é o voto em si, mas os valores que sustentam a razão de cada voto.

Se o valor mais forte de uma sociedade for o "Egoismo" dificilmente acreditaremos que 200 pessoas conseguem representar 10 Milhões (de Egoistas). Teremos concerteza muitas novelas políticas/partidárias, lobbies, corrupções, jogos de bastidores, de lutas corporativistas, etc.

Mas se o valor mais forte de uma sociedade for o "Altruismo" mais facilmente acreditaremos da capacidade de 200 pessoas representarem um colectivo de 10 Milhões.

Pelo que quanto mais perto uma sociedade estiver do Egoismo mais longe estará de uma verdadeira democracia representativa.

Então, se a razão de ser das eleição é o Bem Comum, e se o sistema de valores é importante para legitimar a democracia, não compreendo, porque ao longo de mais de 30 anos de democracia, todos os partidos políticos que governaram, contribuíram sistematicamente para a aniquilação dos sistemas de valores morais, cívicos e humanistas nas escolas.

Vivemos uma profunda crise de valores.

A liberdade conquistada em Abril cegou-nos a alma.

Os políticos confundiram Liberdade com ausência de sistemas de valores morais.

Talvez por, à semelhança dos grandes interesses económicos mundiais, gostarem da ideia que a moral é castradora da criação de riqueza, enquanto que a Liberdade não o é.

A liberdade que nos vendem transforma os cidadãos em consumidores.

Os votantes em clientes.

E os eleitos em empresas de serviços.

Talvez o nosso destino seja mesmo o de sermos consumidores em liberdade.
Pobres de espírito....
Mas livres.